Determinar a Cadência
A cadência é uma medida simples da velocidade da perna,
muito parecida com o tacómetro no seu carro. E tal como o seu carro anda com
maior eficiência a certa rpm, o mesmo acontece com o seu corpo. Da próxima vez
que saia em passeio, olhe para o estilo de pedalar dos ciclistas de ocasião
(tipicamente usam calças de ganga e não põem capacete). A maioria esforça-se
estrada fora numa mudança alta [um rácio de transmissão elevado], rodando os
pedais a 40 ou 50 rpm. Em parte porque para quem não tenha treinado as pernas
para rodarem mais depressa, este andamento parece natural. E em parte devido à
crença disparatada de que a maneira para andar mais rápido é aplicar força numa
mudança maior.
O resultado é o rpm da sua pedalada. Também pode comprar um
ciclo-computador, que lhe exibirá permanentemente em tempo real a cadência.
Seja como for, deve verificar a sua cadência numa variedade de terrenos,
incluindo em subidas, no plano, e nas descidas. De certeza que variará, mas
procure manter a sua cadência dentro dos 15 por cento do seu rpm no plano (se
mantiver 100 rpm no plano, procure ficar nas 85 rpm quando subir).
Provavelmente, nos primeiros tempos não conseguirá manter uma diferença tão
pequena. De facto, provavelmente ficará bastante frustrado por ver que de
repente estará a escalar numa mudança mais baixa e a subir as encostas mais
devagar.
Porquê? Primeiro, andar depressa exige uma taxa de trabalho
elevada, e pura e simplesmente acontece que você é mais eficiente numa cadência
elevada. Ao fazer rodar rapidamente os pedais em mudanças moderadas em vez de
se esforçar noutras maiores para manter uma dada velocidade, os músculos das suas
pernas ficam mais frescos e permitem-lhe que treine com mais eficiência. Uma
boa analogia é o levantamento de pesos: provavelmente poderia levantar um peso
de 2 quilos durante um dia inteiro. Mas se somasse o peso cumulativamente
levantado e tentasse levantá-lo de urna vez só, não conseguiria sequer fazê-lo
mexer-se. Trata-se de um exemplo extremo, mas a teoria é precisamente a mesma.
Quanto mais depressa der aos pedais, menos força é necessária para movimentar
os pedais e mais divide a carga de trabalho em pequenas partes, mais fáceis de
realizar.
Em segundo lugar, e da maior importância para os corredores,
uma cadência elevada facilita a aceleração. Recorramos uma vez mais à analogia
com o carro: quando você se prepara para ultrapassar num troço pequeno de
estrada com apenas duas vias, qual é a primeira coisa que faz? Mete uma mudança
inferior, o que aumenta a rpm do motor e lhe dá, a si, maior capacidade de
aceleração. O mesmo se passa com o pedalar numa bicicleta. Fazer rodar
rapidamente os pedais (spinning) em mudanças mais baixas permite-lhe reagir
muito mais rapidamente a alterações rápidas de velocidade, como sejam as que
acontecem quando um concorrente ataca. Em vez de se ver atolado numa mudança
demasiado alta e ficar para trás, poderá responder ao esforço dele, segui-lo na
roda, e, evidentemente, derrotá-lo na linha de chegada.
Por último, fazer rodar rapidamente os pedais (spinning)
exige menos dos joelhos. Fazer rodar esforçadamente os pedais numa mudança
grande sobrecarrega essas articulações delicadas para lá da capacidade delas, e
pode originar lesões debilitantes. E isso é, em suma, uma coisa muito má.
IN: Tigres do Pedal
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