domingo, 10 de junho de 2012

GUIMARÃES-SANTIAGO-FINISTERRA

Antes de qualquer abordagem a esta aventura, de referir que nunca o grupo foi tão numeroso (15) como este ano implicando uma logística mais elaborada a todos os níveis, mesmo assim tudo correu pelo melhor. Toda a gente esteve à altura do desafio tornando estes três dias num convívio fantástico. Salientar ainda que connosco partilharam esta aventura o Bruno (Só Trilhos BTT) e o Zeca (4teamBTT), companheiros impecáveis. Uma referência também para o nosso grande amigo MACHADO, que este ano nos deu o privilégio da sua companhia deslocando-se propositadamente da Suíça para estar com os seus e fazer os Caminhos connosco.


DIA 7, 4.45h da manhã lá estavam todos, junto à Mumadona para o início da aventura.
Uma chuva miudinha estava a cair, o que antevia um início molhado. Uns quilómetros mais à frente, a seguir ao alto da Morreira essa chuva transformou-se num autêntico dilúvio durante cerca de um quarto de hora deixando todos completamente encharcados. Passada a tormenta podemos finalmente começar a gozar o passeio, para alguns pela primeira vez (Bruno, Paulo, Frank, Sr. Fernando).
Antes de Ponte de Lima, local do primeiro encontro com o carro de apoio fizemos uma paragem para o pequeno almoço, em Prado, e os caloiros (Frank, Paulo e Sr. Fernando) ainda a ambientar-se. Mais aconchegados retomamos a rota com paragem em Ponte Lima para abastecer e completar o que faltava percorrer até à hora de almoço em Valença. Antes, foi vê-los a trepar a famosa escarpa de Labruge com as burras às costas, local onde o machado deu um verdadeiro “vira cú” (eheheheh).
Chegados a Valença já com a mesa a preceito e o menu escolhido (massa e bife) devoramos tudo o que nos apareceu à frente antes da entrada no país vizinho.
Finalmente Espanha e cerca de 30 quilómetros até ao final da etapa. Pedalada certeira sem qualquer tipo de percalço. Até a famosa recta de Porriño foi feita em amena cavaqueira. Restavam apenas umas subiditas até ao final (Redondela), local onde estava previsto passar a noite. Arrumadas as “burras”, tomado o merecido banho, para alguns de meia-hora, lá saímos todos perfumados para uma voltinha pela cidade antes do jantar.
No final ainda houve tempo para apreciar umas “jeitosas” que actuavam na festa local. De regresso ao albergue a noite foi de pestana aberta, cerca de duas horas de sono, já que o Machado fez o favor de nos acordar a todos às 4.30h da matina. SACANA!!!!!





DIA 8, acordamos pelo despertador do costume (Machado), sem saber muito bem que horas eram, a verdade é que o sono era tanto nem deu para perceber que nos tínhamos deitado à pouco, para já não falar dos constantes ruídos que se ouviam mais parecia trovoada seca.
Tudo arrumado, pequeno almoço tomado e lá disparamos rumo a Santiago. O dia estava excelente para pedalar com sol e temperatura amena. Primeira paragem fez-se em Pontevedra para o pequeno almoço da praxe. Saciados os apetites voltamos ao caminho a bom ritmo já que o terreno nesta fase do percurso se proporcionava a bom andamento até ás Lagoas do Rio Barosa, local fantástico para a fotografia. Antes de Caldas de Rei um encontro com os nossos amigos que já regressavam, ganda malucos, Santiago num dia e regresso no seguinte. São uns heróis (Sérgio, Isidro e o BIC).
Rapidamente chegamos a Caldas de Rei para abastecer junto do carro de apoio. Depois de uns quantos telefonemas lá encontramos o “dito cujo”, Mr. Laureta, bem aparcado num parque recatado.
Novo arranque até à hora de almoço em Padron, mas desta vez em novo restaurante já que habitual não resistiu às medidas de austeridade e fechou as portas. Almoçamos bem é certo, e barato, mas depois daquelas entradas abastadas o prato com um naco de carne e duas batatas….provavelmente o dono do restaurante sabia que tínhamos ainda uns bons quilómetros pela frente.
Destino Santiago Compostela a duas velocidades, mas sempre a rolar. Aproximava-se a altura de grandes emoções, principalmente para os estreantes, e que momentos. Já na parte histórica a poucos metros da catedral a multidão que passeava nas ruas abriu alas para a nossa passagem acompanhada com uma monumental salva de palmas. Arrepiante!!!
Cerca de hora e meia foi o tempo que demoramos na aquisição das compostelas e dos “recuerdos”. Houve ainda tempo para degustar umas canhas.
Estava na hora da última etapa do dia, e que etapa….logo à saída uma valente subida de cortar a respiração a qualquer mortal. O grupo passou com distinção tal obstáculo. Restava-nos apenas chegar a Negreira, e já faltava pouco. Negociado o preço do albergue (ehehehe), bem lavadinhos e aprumados…mais uma vez colocamos a barriguinha debaixo da mesa. Muito liquido a acompanhar o repasto alegrou as almas meias cansadas…Regresso ao albergue na tentativa de passar pelas brasas, mas tais intentos cedo se perceberam não passariam disso mesmo. Duas locomotivas a carvão apitaram toda a santa noite acompanhadas de dois tagarelas do quarto ao lado mataram qualquer tentativa de dormitar.


DIA 9, apesar do levantar madrugador, pelo menos foi um pouco mais tarde que a noite anterior. Cumprimos o ritual higiénico seguido do arrumar dos sacos e pequeno almoço em plena rua. Lubrificadas as máquinas partimos para o último dia de viagem, uma novidade para todos. Os primeiros quilómetros, ainda com tempo seco, estavam a deliciar todo o grupo pelas paisagens que estávamos a encontrar mas rapidamente se deu um revés no prazer sentido. A chuva começou a cair, aumentando de intensidade à medida que a distância aumentava. Alguns, poucos, não tinham impermeável obrigando a improvisar com uns plásticos que transportávamos nos camelbacks. O pior mesmo é que para além da chuva a temperatura também desceu acompanhada de nevoeiro e vento forte, um verdadeiro cenário “Dantesco”, aquele que se nos deparava. Ainda foi feita uma tentativa de contacto com o carro de apoio, mas pelos vistos o serviço só estava disponível a partir das dez horas. Não havia nada a fazer se não pedalar na tentativa de encurtar à distância e encontrar um qualquer café que estivesse aberto. O “milagre” surgiu ao km 36 do meio do nada como que por magia. Ali estava ele (café) em Oliveiroa. Encharcados e com frio fomos recebidos com a maior das simpatias e disponibilidade por parte do proprietário. As meias de leite saiam a alta velocidade, a torradeira no exterior carburava no máximo, o stock de pão de forma teve inevitavelmente de ser reforçado para “matar” a fome a todos. O dançar das facas foi uma constante enquanto barravam o pão de forma torrado com manteiga e compotas.
Aquele café só podia estar naquele local…
Bem melhores e aconchegados, estávamos agora mais disponíveis para enfrentar mais uma vez a intempérie que se fazia lá fora. Faltavam cerca de 30 km para o final, lá bem no alto no Cabo de Finisterra. Para isso tínhamos ainda muito que subir pela montanha pedregosa e enlameada. Metro após metro fomos diminuindo à distância até ao topo por entre a chuva e o nevoeiro cerrado que nos impossibilitava de ver o que quer que fosse a mais de um metro à nossa frente. Passada que estava mais uma portentosa elevação, chegava a vez de descer a alta velocidade, com tangentes passadas a peregrinos que se deslocavam a pé, e com os pulsos a doer, tanta era a força colocada nos braços. Já cá em baixo contava o Filipe que esteve para ficar pelo caminho quando vislumbrou uma musa em cima de um muro a piscar-lhe o olho como que a …..adiante.
Deixada para traz toda a montanha começamos finalmente a vislumbrar a civilização e o mar ali tão perto, era a vez de pedalar à beira mar durante alguns quilómetros para atacar em definitivo a última masmorra em espiche (3,5 km). Faltava pouco, muito pouco, mas as forças da natureza teimavam em nos fazer a vida negra montanha acima. A chuva de frente e os ventos laterais quase conseguiam os seus objectivos, de nos esborrachar contra as paredes da montanha. Mas não, desta vez a perseverança e o querer foram mais fortes! Os quinze aventureiros chegaram finalmente ao final, o quilómetro zero, lá bem no alto naquele a que lhe chamam o FIM DO MUNDO.

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